Vejo os olhos da menina
De luz e sombra eles dizem
Vibrações adormecidas no tempo.
Quando sopram imagens no espelho
Perguntam vivos o que dizem
À caça de um sinal luminoso.
Às vezes um espera uma coisa
O outro outra escondida num canto
Onde as nuvens formam imagens
Brevemente desfeitas pelo vento.
A urgência calma de sua demanda
Os leva para um lado e para o outro
Cheio e vazio vão mesclando a agonia
Mãe de todos os mistérios frios.
Quando o cheio se esvazia na saudade
O vazio se preenche de presença triste
Na inconformidade dessa terna dança.
Vida e morte parecem se perpetuar
No silêncio das respostas fumegantes
Evaporadas pelo sopro das incertezas.
Resta um anjo prenunciando o signo
É a vida sob os escombros da morte
Pai dos suspiros divinos do sentido.
Da imensidão do mínimo mistério
Emerge o detalhe cimentado na lápide
Pranto a umedecer a superfície seca
Inaugurando o preto no branco da procura.
Sinais trocados destituindo o fogo do olhar
Enquanto vela a opacidade do foco
Magicamente brota o desejo amargurado
Já transpassado de identidade viva.
Virgínia Heine