terça-feira, 20 de outubro de 2009

Contra-mão

Um instante de prazer e sorvo
Ainda mais um pouquinho
Do que vai se fazendo em mim.
Gosto de sentir o infinito
Que apenas se encerra
Na hora que decide pelo fim.
É leve interromper os passos
Quando encontro o inesperado
E me entrego até a hora de seguir.
Toco o que se insinua imediato
E me misturo no gerúndio desse ato
Porque um minuto a mais já é passado.
Os ponteiros do relógio sempre avisam
Que as horas nunca desistem de avançar.
E me perco atropelando o fluxo.
Corro para tentar encolher a pressa
Ofegante penso que enganei o tempo.
Cedo desencantada à urgência do percurso.
Acho com atraso o caminho das horas
E me encanto agora com o que adiei.
Estico então aquilo que tinha encolhido.
Nesse vai-e-vem do tempo sigo iludida
Na contra-mão do fuso e tento fazer
Da noite dia e do dia encantamento.

Virgínia Heine

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