sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Foi apenas um sonho

 
Sinto me  esvair pelas pernas
Por aí desce uma vida a ser vivida e outra que não foi vivida.
 
Criança ainda me lembro de nariz colado na vidraça da janela vendo as águas da chuva rolarem
Junto as águas correm objetos, pedaços de árvores, um sapato velho e perdido ...restos que ninguém quis.
 
Mesmo criança vejo que o mundo tem que ser maior.
Que não cabe dentro do olhar de trás daquela janela.
 
Não suporto a vida que vivo
Rotineira e amorfa.
Estou morrendo.
 
De repente o sonho de uma nova aventura
Minha alma sofrida se alegra
Acredito por um momento que tudo posso.
Tudo pode mudar.
 
Um novo lugar, um novo cotidiano.
Desvendar o que está por vir. Esperança.
 
Estanca.
Tudo parou. Se desfez.
O medo do outro me roubou.
O medo do outro preferiu a infelicidade desconhecida a felicidade arriscada.
 
O sangue escorre pelas minhas pernas.
Neste sangue foge o filho gerado, mas não desejado.
 
Neste sangue escorrendo foge de mim a força, a dignidade da própria vida.
 
Estou fraca.
Desisto.
Me sinto aliviada.
Descansar no escuro vazio do totalmente desconhecido.
 
Repousante me ver livre do pseudo conforto de uma existência ... vazia.
Enfim...

Darlene Mello

Um comentário:

  1. Seja bem-vinda, minha querida Darlene, ao mundo das palavras que amam, das palavras que dizem, que ecantam e escondem e passeiam pela nossa imaginação e sonhos e desejos e medos. E sempre se querem lindas...
    Beijo

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