sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mãos de escultor

Quando os sentimentos se embaralham
Cansam, ficam amorfos, parecendo argila seca
É preciso contratar um escultor.
Gerenciador de formas
Para criar contornos e curvas.
E deixar o que não existe
Que insiste em reclamar que vive
Respirar organizado outra vez.
O escultor é cego aos apelos do mundo
Só enxerga as imposições da massa quente
Que suas mãos inconciliadoras vão seguindo.
Sem pudor, sem perguntas, sem consolo
Apenas deslizam pela massa disforme
Coração acelerado, corpo ardendo, mãos trêmulas.
Formas surgem muitas vezes
Se impondo à vontade das mãos do escultor.
Surgem, erram, são desfeitas, vão embora.
E voltam outras
Sempre voltam outras
Mais harmoniosamente dispostas
Ao desejo da escultura.

Virgínia Heine

3 comentários:

  1. Minha querida Lu, você é uma das minhas maiores incentivadoras. A começar por toda a força com o blog. Vou acabar achando que está valendo a pena desengavetar meus poemas. Mas está sim. É como se eu os tirasse da clausura. Obrigada pela força. Mas acho que entendemos a expressão uma da outra por termos almas parecidas.
    Bjs

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  2. Fantástico Gina!! Você consegue fazer comparações que nos traduzem exatamente o conflito existente nos sentimentos e nas expressões. Amei!! Parabéns!!!
    Bjs!
    Fafá

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