sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Desadivinhação

Quando escapa o desejo
E a esperança se lança
Num espaço calado
E escuro
Em que nem mais
A memória tem acesso.

Quando os amores se vão
E nem mesmo mais
Um fragmento de sonho
Pode brincar de construir
Ilusões ou de bordar
Projetos.

Quando o corpo pára
De se emocionar
Diante de um encontro
Ou o coração desconhece
As palpitações.

Quando as crenças
Nas almas e nos homens
Passam a gravitar
Em algum lugar do passado.

Quando o gosto doce
De um beijo apaixonado
É esquecido sem deixar marcas.

Quando a flor vermelha empalidece e perde
Toda possibilidade de perfume
E a criança desaprende a inocência...

Quando então procuro o encanto
E perco o sentido e esqueço o senso
Aí então desadivinho a vida.

Virgínia Heine

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